EFEITOS DA MANIPULAÇÃO QUIROPRÁTICA NA CINEMÁTICA DA COLUNA E MEMBROS EM CAVALOS COM PROBLEMAS NA COLUNA CLINICAMENTE DIAGNOSTICADOS
ALVAREZ, C. B. G., L’AMI, J. J., MOFFATT, D.†, BACK, W. and van WEEREN, P. R. (2008), Effect of chiropractic manipulations on the kinematics of back and limbs in horses with clinically diagnosed back problems.
Equine Veterinary Journal, 40: 153–159.
†International Academy ofVeterinary Chiropractic (IAVC), Lengenbostel, Germany
Tradução livre por Katherine P. Colomba
Resumo
Razões para a realização do estudo: Apesar de haver evidências anedóticas da eficiência clínica do tratamento quiroprático na dor da coluna dos equinos, poucos trabalhos científicos tem sido relatados sobre o assunto.
Objetivos: Quantificar o efeito da manipulação quiroprática na cinemática da coluna e membros na locomoção do equino.
Métodos: A cinemática de 10 warmbloods foi mensurada a passo e trote em sua velocidade de conforto, antes, uma hora e três semanas depois do tratamento quiroprático, que consistiu em manipulação na coluna, pescoço e área da pelve. A velocidade foi a mesma durante todas as mensurações para cada cavalo.
Resultados: As manipulações quiropráticas resultaram em aumento da amplitude de movimento (ADM) na flexão-extensão ao trote nos segmentos angulares vertebrais: T10-T13-T17 (0.3°) e T13-T17-L1 (0.8°) uma hora pós o tratamento e diminuição na ADM após três semanas. Os padrões de movimento angular (PMAs) dos mesmos segmentos mostraram aumento da flexão em ambas as andaduras uma hora após o tratamento e 3 semanas após o tratamento. A área lombar (L3 e L5) mostraram melhora na flexão após uma hora e aumento da extensão após 3 semanas. Não ouve mudanças perceptíveis nos PMAs na flexão lateral. A inclinação da pelve foi reduzida ao trote uma hora e 3 semanas após o tratamento. A rotação axial da pelve foi mais simétrica na terceira semana em ambas as andaduras. Não houve mudanças nos ângulos dos membros ao passo e quase nenhuma mudança ao trote.
Conclusões: O efeito principal das manipulações quiropráticas foi uma menor extensão da coluna torácica, uma inclinação reduzida da pelve e melhora da simetria do padrão de movimentação da pelve.
Relevância em potencial: A manipulação da pelve expõe pequenas porém significantes mudanças na cinemática toracolombar e da pelve. Algumas das mudanças podem ser benéficas, mas testes clínicos com maior número de cavalos e maior período de acompanhamento são necessários.
Pode-se concluir que a manipulação quiroprática possui um efeito sutil porém estatisticamente significante em várias variáveis descrevendo a movimentação vertebral, pélvica e dos membros. Estas mudanças consistiram no aumento da movimentação sagital vertebral, da simetria rotacional pélvica e uma coluna mais flexível de maneira geral. Dado o aumento da evidência de efeitos mensuráveis do movimento toracolombar e pélvico seguindo os princípios quiropráticos, a conclusão parece justificada quando considera a quiropraxia veterinária válida nos equinos, sozinha ou em conjunto com outros métodos, no tratamento das dores de coluna. Investigações com um número maior de casos e um período de acompanhamento maior do que neste estudo são necessários para avaliar o valor clínico real desta abordagem terapêutica e para determinar seu espaço dentre as opções terapêuticas disponíveis ao clínico veterinário de equinos que sofrem de dor na coluna.
Ana Stela Fonseca
Médica Veterinária
CRMV-RJ 5986